vivemos num tempo de assombro e incerteza, de desestabilização de todas as evidências e sentidos que nos garantiam uma proteção, ainda que precária, contra a violência impalpável do absurdo. nenhuma das referências herdadas da tradição, mesmo as mais veneráveis e bem protegidas, resistem ao ímpeto da escalada planetária do progresso tecnológico. ela subverte nossas concepções de espaço e tempo, mina a autocompreensão religiosa, ética e política, que nos oferecia o espelho em que reconhecíamos nossa identidade.
nessas condições, o vínculo estreito e ancestral entre filosofia e vida, que transforma a filosofia em muito mais do que um conhecimento teórico, um ramo particular do saber gerido pelos especialistas nos setores da empresa cultural, recorda-nos de sua antiga vocação de amor pela sabedoria. por causa disso, ela pode ser também estímulo, consolo, arte, desafio, risco, experimento.
para bem compreender a força dessa ligação entre filosofia e vida, pense-se, por exemplo, na beleza com que michel foucault transformou seus últimos dias numa glorificação da ética como estilística da existência. e outros filósofos, que fizeram?
gravado em 2005.
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